domingo, 23 de abril de 2017

Blog entrevista atriz Lucinha Lins; confira

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Foto: Divulgação

O blog do Leandro Leite conversou com a cantora e atriz, Lucinha Lins. Atualmente na Record TV na novela "Rico e Lázaro", ela falou sobre suas personagens, início de carreira, política, entre outros assuntos.

Confira a entrevista abaixo:

1Lucinha como foi sua infância? Você vem de uma origem humilde? 

Não. Eu tive a sorte e o privilégio de nascer em “berço esplêndido” (rsrsrs). Uma família linda. 5 filhos, pai e mãe. Estudei em colégio de freiras, muito bem educada...

2 - Além de atriz você também é cantora. Em qual momento você decidiu cantar? 

Acho que nasci cantando. Minha mãe tocava piano e nós brincávamos de cantar no carro, durante as viagens. Um dia comecei a namorar e através desse namorado, que tocava piano, conheci a turma que se reuniam na Rua Jaceguai 27, na Tijuca, Rio de Janeiro. Lá todos cantavam e mostravam suas músicas. Esse namorado era o Ivan Lins, com quem me casei. E essa turma formou o MAU, "Movimento Artístico Universitário". Nunca pensei em ser cantora. Isso foi uma “acontecência” – acho que essa palavra nem existe, mas eu gosto dela e acho que define bem que, na verdade, ser cantora foi acontecendo na minha vida. Assim como virar atriz também foi uma “acontecência”. As oportunidades foram acontecendo e eu soube aproveitar. Acho que consegui cantar direito e ser uma boa atriz.

3 - Você ganhou o prêmio Festival MPB Shell em 1981 com a canção "Purpurina" no Maracanãzinho, porém, o público vaiou o resultado querendo que o Guilherme Arantes que cantou a música "Planeta Água" vencesse. O que te passou na sua cabeça naquele momento?

Naquele momento não passou muita coisa na cabeça, não. Nós sabíamos que iriamos apanhar, quando o resultado saiu, só não sabíamos o tamanho da surra. Purpurina é uma música linda, mas não é música para vencer festival. Foi uma grande zebra! Claro que ficamos felizes de ter ganho o festival. Eu também ganhei como melhor interprete. A ficha da vaia, da rejeição, da loucura toda só caiu uns 2 dias depois, quando eu tive uma crise de choro e finalmente eu consegui dormir.

4 - Logo após o Festival em 1981, você ingressou para a Teledramaturgia. Como surgiu o convite? 

Logo depois do festival eu fiz um espetáculo de muito sucesso. Sucesso de público e crítica chamado SEMPRE, SEMPRE MAIS ao lado de Claudio Tovar, que a nós já estávamos ensaiando na época do festival. Acho que ficamos em cartaz uns dois anos, no mínimo. Durante esse período alguns convites surgiram mas eu só aceitei o convite do grande Walter Avancini – que já havia me feito convites antes e eu sempre respondia pra ele que eu não era atriz, embora tivesse feito alguns comerciais de TV – para fazer a minissérie Rabo de Saia, com Dina Sfat, Nei Latorraca e Tássia Camargo. Foi um desafio enorme que me valeu o prêmio de atriz revelação da Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA).

5 - Lucinha, nessa sua rica carreira, você interpretou diversos personagens na TV e no cinema. Qual personagem foi o mais marcante até aqui para você? 

O personagem que você está fazendo é o especial, o mais importante. Neste momento estou fazendo Zelfa, na novela "O Rico e Lázaro". Quando eu olho para trás eu me sinto muito orgulhosa. Tive o privilégio de ter feito personagens muito bons, mas não saberia eleger apenas um. Mas é claro que a Mocinha de "Roque Santeiro" marcou muito. A novela foi um fenômeno na teledramaturgia brasileira. Também destaco "A Viagem", "Vitória"... A vilã de "Chamas da Vida"! Eu aprendi muito com todas elas, mas não existe a melhor personagem.

6 - Você trabalhou em várias emissoras: Globo, SBT, Band, Manchete, fez um belo trabalho também na TV Cultura no Seriado "Mundo da Lua" e atualmente está na Record TV. Qual foi a melhor emissora que você trabalhou? 

Não acho que exista a melhor emissora. Cada uma delas tem características muito próprias. Gostei muito de trabalhar em todas elas. Eu sou uma atriz que trabalha com o mesmo empenho e dedicação em qualquer veículo. Seja na TV, no cinema, no teatro, em shows... Na Record tive oportunidades muito especiais. Personagens muito desafiadoras. O que eu quero é ser chamada por todas as emissoras. O importante é estar trabalhando e fazendo o que eu amo.

7 - Alguns atores, atrizes, dizem que para você ficar conhecido, tem que passar pela Globo. Você concorda? 

É claro que a TV Globo é uma das maiores produtoras de teledramaturgia do mundo e que a qualidade dos seus produtos é diferenciada. Eles produzem desde os anos 60 e isso representa experiência, maturidade no trabalho realizado. A audiência da emissora é imensa e você fica conhecido no país muito rapidamente. Mas as outras emissoras também são muito importantes. A “briga” pela audiência é muito produtiva.

8 - Entre vários personagens que você fez, você deu vida a vovó Zuzu, na novela "Vitória" na Record TV em 2014. Ela sofria de mal de Alzheimer e no começo não aceitou ajuda da família e ajuda de pessoas de fora, aliás, essa doença é comum. Como foi interpretar a Zuzu? Você conhece pessoas que sofre com essa doença? 

Alzheimer é uma doença terrível! Qualquer pessoa pode ter Alzheimer. Existem alternativas para retardar a doença, mas ela não tem cura. Foi difícil fazer a Zuzu. Eu estudei muito e conheço pessoas com a doença. Acho importante que se fale do assunto para que as pessoas estejam mais preparadas para lidar com essa doença que é muito triste. É muito difícil cuidar de quem tem Alzheimer.

9 - Com tantos anos de experiência na TV, Cinema e Teatro, você aceitaria dividir palco com alguém que não tem diploma, como ex-BBBs, e cantores que atualmente estão fazendo novelas, como o Lucas Lucco? 

Eu acredito em OPORTUNIDADE. Eu sou uma pessoa que soube aproveitar as oportunidades que me foram oferecidas. E até criei oportunidades para mim mesma. Eu nunca julgaria uma pessoa que esta trabalhando comigo, contracenando comigo. Na verdade nós temos é que trocar experiências da melhor maneira possível. Eu acredito em talento e esse talento precisa ser lapidado, absorvido, incentivado e respeitado. Se esse talento não for genuíno, verdadeiro o tempo vai apagar seu brilho e nada vai acontecer.

10 - Muitos atores antigos reclamaram publicamente de falta de oportunidades na televisão, como fez recentemente a atriz Neusa Borges, e vários até vivendo com dificuldades financeiras. Como você vê essa questão?

 Moramos num país muito ingrato. Não existe memória. Tem gente que não sabe quem é Elis Regina. Não sabe que ela foi a maior cantora do Brasil e uma das maiores do mundo. Muita gente foi ver o filme ELIS sem saber quem ela era. Mas é muito bom que novas gerações possam saber quem foi essa mulher extraordinária, essa grande artista, essa cantora incrível! O sucesso é muito efêmero. Ser famoso não quer dizer nada, ter construído uma carreira não é garantia de um envelhecimento confortável financeiramente. Ser premiado no Brasil não reverte em melhores cachês... Trabalhei com atores maravilhosos que não são mais lembrados. Tem gente muito boa sem trabalho. É mesmo muito difícil a vida de um artista no Brasil. Não existe respeito pela cultura. Na verdade quase nada é realmente respeitado no nosso país.  

11 - A Record TV, emissora que você trabalha está apostando em novelas bíblicas e vem registrando ótimos índices de audiência em São Paulo, Rio de Janeiro e grande parte do país. Qual é a sua opinião sobre às novelas bíblicas? 

Estou gravando a novela "O Rico e Lazáro", no momento. É uma novela que tem como base uma história bíblica.  Obviamente essa história foi ampliada com outras histórias paralelas e recebeu um tratamento dramatúrgico. Acho que a Record investe nesse caminho porque tem tido um retorno muito positivo por parte do público. É um segmento de mercado muito grande e a Record realiza muito bem essas novelas, com muita qualidade.

12 - Lucinha, agora falando um pouco de política, a senhora foi para Curitiba com outros artistas para apoiar o juiz Sérgio Moro na Operação Lava-Jato. Como surgiu a ideia desse encontro? Foi positivo? 

Eu sou uma das pessoas que fazem parte de um grupo que tem como meta conseguir a aprovação das 10 medidas contra a corrupção. Estou entre as mais de 2 milhões de pessoas que assinaram o pedido de aprovação dessa lei, que ainda não foi aprovada. Eu quis conhecer a força tarefa da Lava-Jato e fui até Curitiba.

Não acho que Sérgio Moro seja um herói. Ele não é um herói. Ele é um juiz decente. Mas a indecência que toma conta do nosso país é tanta que quando aparece um juiz de verdade e aponta o que está errado, o que é contra a lei... ele é idolatrado. Ao mesmo tempo, por estarmos vivendo uma polarização enorme, esse mesmo juiz é escorraçado, xingado, agredido e considerado tendencioso. Eu respeito o juiz Sérgio Moro como respeito diversos outros juízes sérios que existem no nosso país.

Todos nós sabemos que ser político nesse país é viver muito bem, ganhar muito bem, ter uma mordomia absurda e tudo pago por nós. Todos sabemos que sempre foi assim, que há muito tempo é assim, mas com esse último governo que ficou tanto tempo no poder as coisas extrapolaram, a ganância pelo poder ultrapassou todos os limites... O que se dizer do caso Sérgio Cabral? Como uma pessoa pode roubar tanto! Eu sou incapaz de entender!

Eu apoio as 10 medidas contra a corrupção! Eu apoio o juiz Sérgio Moro! Eu estarei sempre lutando por um país melhor e mais justo para TODOS NÓS!

13 - O ex-presidente Lula, aparece em primeiro lugar na última pesquisa em uma possível candidatura à Presidência da República, mesmo com toda essa suspeita de corrupção. O que você pensa a respeito?

O Lula se transformou num personagem absurdo. Acho que ainda falta mais de um ano para as eleições e temos que aguardar o que vem pela frente para saber, inclusive, se ele poderá mesmo ser candidato. Mas acho muito triste que algumas pessoas possam ver nele a figura de um salvador da pátria.

14 - Você é filiada à algum partido político? 

Não sou e nunca fui filiada a nenhum partido. Estamos precisando de uma renovação grande. Eu não sei quem vai sobrar. Eu não sei em quem acreditar. Acho que precisamos de novos ideais, de gente jovem na política.

Mas dificilmente serei vista em cima de um palanque fazendo campanha para políticos.

15 - Querida Lucinha Lins, o Blog do Leandro Leite agradece por você ter aceitado nosso convite para participar da nossa entrevista online. Obrigado.

O prazer foi todo meu. Eu sou apenas uma artista brasileira, uma cidadã brasileira que torce para que todos nós sejamos um pouco mais felizes. Não só os nossos netos... Mas nós que estamos aqui, vivendo o presente merecemos viver num país melhor, trabalhar com dignidade, merecemos ter uma saúde mais cuidada... Merecemos ser brasileiros mais felizes!

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3 comentários:

Anônimo disse...

Se não é para admirar é parar ser fã e se não é para ser fã, é para admirar. Lucinha Lins é uma cidadã e artista que respeito imensamente. Gosto especialmente do jeito que ela smp fala de Elis.

Anônimo disse...

Se não é para admirar, é para ser fã e se não é para ser fã, é para admirar. Lucinha Lins é uma cidadã e artista que respeito imensamente. Gosto especialmente do jeito que ela smp fala da pimentinha, Elis Regina =)

Elaine Castanheira disse...

Parabéns pela entrevista! Lucinha é uma luz no mundo, como artista e como pessoa. Concordo com ela quando diz que nosso país não tem memória. Mas não concordo em dar esta importância toda para uma memória "geral", pq isso não existe. Eu, assim como muitos brasileiros, jamais esquecerei Elis. E jamais esquecerei as personagens Karina, Estela, Isis, Vilma, entre tantas da Lucinha. E eu passarei para os meus filhos. Que passsarão para seus netos. Tenho 30 anos e ninguém entende como sou fã de Elis, Chico Buarque, Eric Clapton. Mas recebi esta herança dos meus pais. E a repassarei. Então os grandes, os inesquecíveis, como Lucinha, não precisam ser lembrados por todos, porque já são eternos nos corações de quem realmente se deixou tocar por eles, repassando e reacendendo seu nome e sua obra entre seus descendentes. Isso já é maravilhoso por si só. Isso é mágico! Mande meu beijo e votos de vida longa à dama dos musicais! ❤
Elaine